O ALFABETO DA ALMA - Descubra o poder oculto do seu nome (clique aqui)
A deputada federal Duda Salabert, uma das figuras políticas mais proeminentes e representativas do Brasil contemporâneo, frequentemente se encontra no centro de debates que transcendem a política tradicional. Sua presença no Congresso Nacional, como a primeira congressista travesti do país, é um marco histórico que impulsiona discussões cruciais sobre diversidade, identidade de gênero e direitos civis. Contudo, uma pergunta persiste no imaginário popular e nas buscas online, refletindo a curiosidade e, por vezes, a incompreensão sobre a jornada de pessoas trans: qual é o seu nome verdadeiro?
A resposta a essa questão é muito mais profunda do que um simples dado biográfico. Ela toca na essência da identidade, na validade do reconhecimento legal e na luta por dignidade. O nome verdadeiro de Duda Salabert é, inequivocamente, Duda Salabert Rosa. Este é o nome que consta em seus documentos oficiais, em sua biografia na Câmara dos Deputados e, mais importante, o nome que ela escolheu e pelo qual é reconhecida em sua vida pública e privada. A insistência em buscar um nome anterior, um “nome de batismo”, desconsidera a validade e a importância do processo de retificação de nome e gênero, um direito fundamental conquistado com muita luta.
Este artigo se propõe a explorar a trajetória de Duda Salabert, aprofundando-se no significado de sua escolha de nome, no contexto legal da retificação no Brasil e na relevância de sua identidade para a política e a sociedade. A história de Duda Salabert é um poderoso testemunho de que o nome verdadeiro é, em última análise, o nome escolhido, aquele que reflete a verdade interior de uma pessoa.
Duda Salabert: A Identidade que Venceu o Registro
Duda Salabert Rosa nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 2 de maio de 1981. Sua biografia oficial, disponível no portal da Câmara dos Deputados, confirma seu nome civil completo como Duda Salabert Rosa. Ela é professora de literatura, ambientalista e ativista, e sua carreira política é marcada por pioneirismo. Foi a primeira vereadora trans eleita em Belo Horizonte e, posteriormente, a primeira congressista travesti do Brasil.
A curiosidade sobre o nome de registro anterior, ou “nome morto” (deadname), é um fenômeno comum, mas delicado, quando se trata de figuras públicas trans. Para a sociedade, a busca por esse nome pode ser vista como uma tentativa de acessar a “verdade” por trás da figura pública. No entanto, para a comunidade trans, essa busca representa uma invalidação da identidade atual e um desrespeito ao processo de transição. O nome que Duda Salabert utiliza hoje não é um apelido ou um nome social provisório, mas sim seu nome legal e definitivo.
A própria Duda Salabert já se manifestou publicamente sobre o tema, reforçando a validade de sua identidade. Em diversas ocasiões, ela enfatizou que todos os seus documentos são femininos e que ela é uma mulher. Essa afirmação é crucial, pois estabelece que a discussão sobre seu nome não é uma questão de preferência, mas de reconhecimento legal e de identidade de gênero. O nome Duda Salabert Rosa é o seu nome verdadeiro, o nome que o Estado brasileiro reconhece e o nome que ela vive plenamente.
O Nome de Batismo: Eduardo Salabert Rosa e a Jornada de Transição
Embora o foco deva estar no nome atual, para contextualizar a jornada de retificação, é importante mencionar o nome que constava em seu registro de nascimento. Antes da retificação legal, o nome de Duda Salabert era Eduardo Salabert Rosa. A transição de gênero de Duda Salabert começou a se tornar pública e legalmente formalizada por volta de 2014, um período crucial em sua vida e em sua afirmação de identidade.
A mudança de Eduardo para Duda é um ato de profunda significância pessoal e política. O nome “Duda” possui uma característica interessante: é um nome de gênero neutro, sendo um diminutivo comum tanto para Eduardo quanto para Eduarda. Contudo, Duda Salabert o utiliza no feminino, alinhando-o à sua identidade de mulher travesti. A escolha de um nome que ressoa com sua verdade interior é um passo fundamental no processo de transição. É a rejeição do nome imposto ao nascer, que não correspondia à sua identidade de gênero, e a adoção de um nome que a representa integralmente.
O nome de batismo, ou nome morto, é uma parte do passado que não define a pessoa no presente. Para Duda Salabert, a superação desse nome e a adoção de Duda Salabert Rosa representam a vitória da autodeterminação sobre as normas sociais e legais que historicamente negaram a existência e a dignidade de pessoas trans. A jornada de transição, que culmina na retificação do nome, é um processo de autodescoberta e de afirmação perante o mundo.
A Retificação de Nome e Gênero no Brasil: Um Ato de Cidadania
Para compreender plenamente a validade do nome Duda Salabert Rosa, é essencial analisar o contexto legal da retificação de nome e gênero no Brasil. O processo, que antes era longo, caro e dependente de cirurgias ou laudos psiquiátricos, foi simplificado por decisões históricas que reconheceram o direito à identidade de gênero como um direito fundamental.
O marco legal mais importante é a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4275, em 2018. O STF reconheceu o direito de pessoas trans alterarem seu nome e gênero no registro civil sem a necessidade de cirurgia de redesignação sexual ou de autorização judicial. Essa decisão foi posteriormente regulamentada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por meio do Provimento nº 73/2018, que permitiu a alteração diretamente nos cartórios de registro civil.
Tabela 1: Marcos Legais da Retificação de Nome e Gênero no Brasil
| Marco Legal | Ano | Efeito Principal |
| ADI 4275 (STF) | 2018 | Reconhecimento do direito à alteração de nome e gênero no registro civil sem necessidade de cirurgia ou autorização judicial. |
| Provimento nº 73 (CNJ) | 2018 | Regulamentação da alteração de nome e gênero diretamente em cartório, desjudicializando o processo. |
| Lei nº 14.382 | 2022 | Permite a alteração de nome diretamente em cartório, independentemente do motivo, uma vez na vida, após a maioridade. |
A retificação de nome e gênero é um ato de cidadania que garante a dignidade e o pleno exercício dos direitos. Quando Duda Salabert retificou seu nome, ela não apenas mudou uma palavra em um documento, mas sim alinhou sua identidade legal à sua identidade de gênero. O nome Duda Salabert Rosa é, portanto, o nome civil oficial, o nome verdadeiro perante a lei e a sociedade. Questionar esse nome é questionar a validade da lei e o direito à autodeterminação.
A luta de Duda Salabert por essa causa não é apenas pessoal. Ela apresentou à Câmara dos Deputados projetos de lei que visam ampliar e garantir o direito ao uso do nome social e à retificação, como o PL 2644/23, que estabelece o direito ao uso do nome social na rede de saúde. Seu ativismo reforça a importância de que o Estado e a sociedade reconheçam e respeitem a identidade de gênero de todas as pessoas.
O Significado da Escolha: Por Que Duda Salabert?
A escolha do nome “Duda” por Duda Salabert é um reflexo de sua identidade e de seu ativismo. Como mencionado, “Duda” é um nome que pode ser considerado de gênero neutro, o que confere uma camada adicional de significado à sua identidade. No entanto, Duda Salabert se identifica e é reconhecida como mulher travesti. A escolha de um nome que, em sua forma, pode ser flexível, mas que em seu uso é firmemente feminino, simboliza a complexidade e a fluidez da identidade de gênero.
A adoção do sobrenome “Salabert” e “Rosa” mantém uma conexão com sua história familiar, mas o prenome “Duda” é a sua marca de autodeterminação. A escolha de um nome é um dos atos mais íntimos e significativos na vida de uma pessoa trans. É o momento em que a pessoa se apropria de sua narrativa e define como deseja ser vista e chamada pelo mundo.
Além disso, Duda Salabert é fundadora da ONG Transvest, uma organização que oferece cursos pré-vestibular e de idiomas gratuitos para travestis e transexuais. Seu nome está intrinsecamente ligado à luta por educação, visibilidade e direitos para a comunidade trans. O nome Duda Salabert não é apenas um rótulo, mas um símbolo de resistência e de esperança para muitas pessoas.
A relevância de seu nome se estende à sua vida familiar. Casada com Raísa Novaes, Duda Salabert é mãe de Sol, e a escolha do nome da filha, também de gênero neutro, reflete a consciência e o ativismo do casal em relação à diversidade e à quebra de padrões de gênero. A família de Duda Salabert é um exemplo de que a identidade de gênero não se limita a normas binárias e que o amor e o reconhecimento podem florescer em diversas configurações.
A Trajetória Política: Da Transvest à Câmara Federal
A jornada política de Duda Salabert é inseparável de sua identidade e de sua luta. Sua atuação como professora e ativista a levou à política institucional, onde ela tem utilizado sua plataforma para defender causas ambientais, educacionais e, sobretudo, os direitos da população LGBTQIA+.
Em 2020, Duda Salabert foi eleita vereadora em Belo Horizonte, tornando-se a primeira pessoa trans a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal da capital mineira. Sua eleição foi um marco, demonstrando o crescente desejo do eleitorado por maior representatividade e diversidade na política. Sua atuação na vereança foi marcada pela defesa de políticas públicas inclusivas e pela fiscalização de questões ambientais.
O ápice de sua carreira política veio em 2022, quando foi eleita deputada federal por Minas Gerais, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Sua eleição a consagrou como a primeira congressista travesti do Brasil, um feito que ecoou internacionalmente. No Congresso, Duda Salabert tem ocupado posições de destaque, como vice-líder do PDT e membro de comissões importantes, como a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e a Comissão de Educação.
Sua presença na Câmara Federal é um lembrete constante da necessidade de inclusão e do combate à transfobia. A própria Duda Salabert já foi alvo de ataques e desrespeito, como o episódio em que seu visto americano foi emitido com o gênero masculino, contrariando seus documentos brasileiros. Sua resposta a esses ataques é sempre firme, reafirmando sua identidade e a validade de seus documentos. “Todos os meus documentos são femininos, não existe nenhum documento sobre Duda Salabert no masculino. Duda é uma mulher, pronto e acabou”, declarou em resposta ao incidente.
A luta de Duda Salabert na política vai além da representatividade simbólica. Ela se traduz em propostas concretas, como a defesa da educação pública, a proteção do meio ambiente e a garantia de direitos para a população trans. Sua voz no Congresso é uma voz de resistência e de esperança, que busca construir um Brasil mais justo e inclusivo para todos.
Conclusão: O Nome Verdadeiro é o Nome Escolhido
A pergunta “Qual é o nome verdadeiro de Duda Salabert?” é, na verdade, uma oportunidade para educar e informar sobre a realidade das pessoas trans e o significado da retificação de nome e gênero. O nome verdadeiro de Duda Salabert é Duda Salabert Rosa. Este é o nome que ela escolheu, o nome que a representa e o nome que o Estado brasileiro reconhece legalmente.
A curiosidade sobre o nome de registro anterior deve ser vista apenas como um ponto de partida para a compreensão de sua jornada de transição, e não como uma tentativa de invalidar sua identidade atual. A retificação de nome é um direito humano fundamental, um ato de autodeterminação que permite que a pessoa viva em plena conformidade com sua identidade de gênero.
Duda Salabert, como professora, ativista e política, utiliza seu nome e sua história como ferramentas de transformação social. Sua presença na política institucional é um farol para a comunidade LGBTQIA+ e um desafio constante às estruturas de poder que historicamente excluíram a diversidade. Ao reconhecer e respeitar o nome Duda Salabert Rosa, a sociedade não apenas honra sua trajetória, mas também afirma o princípio de que a identidade de uma pessoa é definida por ela mesma, e não por um registro de nascimento desatualizado. O nome verdadeiro é o nome escolhido, e a força desse nome reside na verdade e na coragem de quem o carrega.
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