Se você já esbarrou em alguma fala do Mujica — ou melhor, do Pepe Mujica — provavelmente ficou com aquela sensação de estar ouvindo um avô sábio e desbocado ao mesmo tempo. Uma figura rara na política, dessas que a gente escuta e pensa: “Ué, será que esse cara é mesmo um ex-presidente?”. Pois é… é. E não só foi presidente do Uruguai como virou quase um mito latino-americano. Mas — e aqui entra o ponto curioso — você sabe qual é o nome verdadeiro do Pepe Mujica? Spoiler: não é Pepe, claro, mas o apelido carrega mais significado do que parece à primeira vista.

Quem é Pepe Mujica?

Antes de tudo, vale lembrar de onde ele veio. José Alberto Mujica Cordano nasceu em 20 de maio de 1935, em Montevidéu, capital do Uruguai — filho de uma família simples, daquelas que a vida ensina mais que os livros. A infância foi marcada por dificuldades econômicas, mas também por um senso de justiça que crescia a cada injustiça que ele testemunhava.

Na juventude, Mujica entrou de cabeça na militância política. Não foi de leve, não — ele foi membro ativo do grupo guerrilheiro Tupamaros nos anos 60 e 70, um movimento que lutava contra a desigualdade e o autoritarismo no país. Resultado? Foi preso. E não foi pouco tempo: passou mais de uma década atrás das grades, boa parte dela em condições desumanas, em solitárias, sofrendo tortura física e psicológica. Um detalhe que muitos não sabem: ele sobreviveu a tudo isso sem jamais abandonar a ideia de que era possível transformar a política em algo mais humano, mais justo… mais real.

Nos anos 2000, depois de deixar a militância armada para trás, Mujica foi conquistando espaço na política institucional. Virou senador, depois ministro e, finalmente, presidente do Uruguai entre 2010 e 2015. E que presidência! Foi o chefe de Estado que abriu mão de luxos, que morava num sítio humilde, que dirigia seu Fusca azul com orgulho e que doava boa parte do salário. Isso mesmo: ele vivia como pregava. Num mundo onde discursos e ações raramente andam de mãos dadas, Mujica era quase uma exceção ambulante.

A Descoberta do Nome Verdadeiro

Agora, voltando à pergunta central — Pepe Mujica: qual o seu nome verdadeiro? Pois bem, como mencionamos ali em cima, o nome completo dele é José Alberto Mujica Cordano. E o “Pepe”? Vem de onde?

No mundo hispânico, é comum o apelido “Pepe” para quem se chama José — é como se fosse nosso “Zé”, mas com uma pitada de charme latino. Dizem que a origem vem de uma sigla usada em latim nas escrituras para identificar José como “Pai Putativo” de Jesus (P.P., que virou “Pepe”). Curioso, né?

No caso de Mujica, o apelido foi abraçado com tanta naturalidade que acabou virando uma extensão da sua identidade pública. O “Pepe” caiu como uma luva na sua persona — alguém simples, direto, meio bruto até, mas de uma sabedoria cotidiana que parece sair do campo, do suor, da vida vivida. O nome completo pode até estar nos documentos oficiais, mas é o “Pepe” que o povo reconhece, admira e respeita.

Legado de Pepe Mujica

E não é só pelo nome que Mujica ficou famoso. Durante seu mandato, ele colocou o Uruguai nas manchetes do mundo todo — foi o primeiro país a legalizar a produção e o comércio de maconha, aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo e defendeu o aborto legal, tudo com um discurso progressista e voltado para os direitos humanos. Pode-se concordar ou não com suas ideias, mas é inegável que ele teve coragem de botar o dedo na ferida.

O mais impressionante? Ele fez tudo isso sem se render ao jogo do poder. Nunca virou produto de marketing político. Era o mesmo Mujica de botas gastas e sotaque carregado nas entrevistas internacionais, que falava de ganância, de consumo desenfreado, de amor à terra… como quem conversa tomando um mate na sombra.

Fora do Uruguai, virou símbolo. Um tipo raro de político que o mundo andava (e ainda anda) sedento para ver. Ganhou prêmios, deu palestras na ONU, foi citado em universidades e — talvez o maior elogio de todos — virou meme com frases inspiradoras que até quem não entende política compartilha.

A Importância do Nome na Política

E aí entra uma reflexão mais profunda: o nome de um político diz muito sobre como ele é percebido. Mujica não se esconde atrás de títulos ou formalidades. Ele é “Pepe”, ponto. Um apelido carinhoso, acessível, popular. Isso por si só já cria uma ponte com o povo — uma ponte de confiança, de identificação.

A gente vive num tempo em que muitos líderes parecem personagens de ficção, criados sob medida para agradar. Com Pepe Mujica, é diferente. Seu nome verdadeiro nos lembra de onde ele veio, de quem ele é de fato. Mas é o apelido — esse “Pepe” tão comum e ao mesmo tempo tão único — que mostra como ele escolheu ser visto: como um de nós. Um cara do povo, com erros, acertos, cicatrizes e muita história pra contar.

E cá entre nós… não é isso que mais falta na política?

Conclusão

Saber qual o seu nome verdadeiro pode parecer uma curiosidade boba à primeira vista. Mas, no fundo, abre uma porta interessante para entendermos como nomes — e apelidos — moldam nossa percepção sobre as figuras públicas.

José Alberto Mujica Cordano é o nome de batismo. Mas foi com o “Pepe” que ele entrou pra história. Um nome simples, direto, quase íntimo. Um nome que carrega não só identidade, mas também um jeito de fazer política diferente — mais próximo, mais humano, mais… real.

Conhecer essas camadas é mais do que saber um dado biográfico. É entender o porquê de tanta gente, mesmo fora do Uruguai, admirar um político que fala pouco, mas diz muito. Que não se enfeita, mas marca presença. Que responde a uma pergunta simples com uma vida inteira de coerência. E, convenhamos… isso vale mais do que mil discursos ensaiados.

Despedida

No dia 13 de maio de 2025, o mundo se despediu de Pepe Mujica, um homem que, mais do que ocupar cargos políticos, ocupou corações. Sua partida deixa um silêncio pesado, daqueles que ecoam nas esquinas da história e nos gestos mais simples do cotidiano — um mate compartilhado, uma palavra sincera, uma escolha corajosa.